Quem me dera se eu fosse um robô, alguém ambulante com todas as máquinas no lugar. E se tudo funcionasse com um controle remoto? Ah, melhor ainda seria se tudo tivesse ouvido e respondesse aos meus comandos. Já pensou que felicidade? Mas a vida não é assim. Somos humanos e ainda por cima brasileiros. Gostamos de curtir a vida e principalmente, gostamos de trabalhar com tudo no último tempo, deixar tudo para em cima da hora.
E eu confesso que não sou diferente. Desde abril minha vida está de ponta cabeça e por isso, decidi compartilhar com vocês o meu lado mais humano e meu procrastinamento. Às vezes acontece, e dessa vez a coisa foi feia!
Mas vamos lá, vou contar um pouquinho como tudo começou…
Minha filha voltou do intercâmbio em janeiro. Organizei todo o quartinho dela para a sua chegada, tudo novinho: roupa de cama, toalha, mudei móveis de lugar e a faxina básica que não pode faltar. Logo em seguida o meu filho mais velho foi estudar em São Paulo. Fui até lá alugar e organizar um flat para ele morar, acomodei ele bem confortável como toda mãe faz com um filho que vai estudar fora pela primeira vez. e por fim, voltei para a minha cidadinha.
Assim que cheguei, já estava com viagem marcada para a conferência das Personal Organizers em New orleans. Lá fiquei por 12 dias, estudando bastante, enquanto a minha empresa ficou muito bem cuidada pela minha equipe de assessoria fenomenal, formada pela minha irmã e minha secretária que já trabalha comigo há 8 anos.
Até então, tudo ok, certo?
Errado.
Minha casa está em reforma, uma bagunça geral. MUITA bagunça mesmo. Agora imaginem, eu, fanÁtica por limpeza e organização, com uma casa de pernas para o ar. Isso me tirou o sono, mas tudo bem. Nem fiquei tão abalada porque eu estava mesmo era preocupada com meu filho mais velho sozinho, estudando e se virando na grande São Paulo.
Na mesma semana chegaram as notas do primeiro bimentre da minha filha do meio. Notas muito baixas, isso que menina só estuda, não sai para nada, é uma adolescente formidável, quieta, querida e muito estudiosa. Então como as notas tão baixas? Levei ela ao neurologista para verificar se não podia ser um problema de vista, de surdez, qualquer coisa dessas. Descobri que a menina vinha sofrendo a tempos com a tal da dislexia.
Puxa vida, eu pensei, com não percebi isso antes? Suas notas nos EUA eram ótimas, já que quase todas as provas dela eram orais.
Fui atrás de um tratamento para a Duda, ainda com a correria da casa bagunçada. Nesse meio tempo, a cliente mais fofa do mundo, me chamou desesperada para que eu organizasse a mudança dela. Mesmo com todas as atribulações, como ela é uma querida e eu amo meu trabalho, fui com o maior amor do mundo. A casa ficou linda, simplesmente um show. Quando eu achei que ia me organizar na bagunça da reforma, meu telefone toca de madrugada e meu filho que está morando em São Paulo me fala que está com 39 graus de febre, sem ninguém para acudir. Peguei o primeiro vôo das 3h da manhã e fui. Chegando lá, vi que o menino estava realmente mal. Levei-o no hospital, dei os remédios indicados, e claro, muita sopinha de mamãe para curar. Lá fiquei uma semana.
Quando cheguei aqui, imaginem a casa. Meu marido é um querido, mas tem seus limites. Ele leva e busca a roupa na lavanderia, lava as louças, alimenta e muito bem meu pequenino, fora a ajuda extraordinária da minha filha que é uma menina de ouro. Mas a casa estava com trouxas e trouxas de roupas a serem guardadas, varios DVDs do Leo fora das caixinhas, brinquedos por toda a parte, etc. Ele tem a liberdade de se sentir em casa, mas quando eu estou aqui faço questão de ir juntando e explicando para ele o lugar de brincar e de guardar os brinquedos depois. Todos os cobertores estavam fora do lugar, as louças guardadas aleatoriamente, sem nenhum critérios, enfim, o único que havia sobrevivido foi o meu closet.
Na empresa, minha sala estava cheia das novidades que eu havia trazido da Conferência. Precisava catalogar materiais, colocar tudo em ordem, e aí por diante. As contas da casa que eu pago, meu maridinho ja tinha providenciado tudo. A mão na cabeça e o plano de ação estavam sendo executados.
Essa nem me fale. Escolher acabamentos, mobiliários a serem arrumados, quadros para reforma, mandar instalar o filtro Europa, instalar a máquina de lavar louça, tirar todos os quadros que são minhas relíquias da parede para serem pintados, mandar reformar algumas partes da cozinha que estavam esfarelando, algumas prateleiras, ufa.
Isso aqui foi só um exemplo porque a lista foi bem maior. Depois de tudo escrito , lá fui eu por em prática um a um. E a mágica esta aqui: cada dia você seleciona 3 tarefas de casa, 3 da empresa e termine no final tique, sublinhe e escreva na frente a pendência vencida. Em 2 semana, me organizei novamente. Isso não é fantástico? O segredo é não depender do campo de visão da bagunça que desanima. É necessario planejar, escrever e fazer e depois de feito, comemorar.
Assim levo a vida e estou muito feliz, porque estou sempre planejando e claro, comemorando.
Ontem atingi mais atividade que estava nas pendências. Voltei a correr os 10 km. Hoje estou feliz demais comigo mesma e com minhas conquistas diárias.
E assim é a vida, como diz Gonzaguinha:
É bonita, é bonita, e é bonita. Viver e não ter a vergonha de ser feliz, cantar e cantar e cantar na certeza de ser um eterno aprendiz.