Hoje eu quero contar a história da Helena. Ela também leva o nome fictício…
Essa história pode ser parecida com a sua, então leia até o fim.
O universo anda conspirando a favor de quem não reclama, de quem é de bem com a vida, de quem acorda cedo e coloca o esqueleto para movimentar, de quem é motivado, de quem trabalha independente de crise ou do governo.
Alguns chamam de sorte, mas eu prefiro acreditar no esforço, na dedicação e no entusiasmo. A Helena me sondou no salão de beleza, me sondou na frutaria… eu não imaginava, mas ela se rendeu e me contou que estava me testando para saber se me contratava ou não.
A Helena é uma mulher linda, com lindos cabelos, corpo ideal, bem sucedida financeiramente e muito feliz com a família. Ela não conseguia colocar a casa em ordem, não parava funcionária doméstica na casa dela, perdia muitos compromissos por não dar conta do recado. O armário de roupas estava uma verdadeira bagunça, com muitas roupas passadas por guardar em cima do sofá da sala de TV e a cozinha toda entulhada de eletrodomésticos que ela nunca tinha usado. Ganhei ela como cliente quando eu disse que eu, como PO, também me desorganizo em casa e que já tive dificuldade de ter tempo para fazer as coisas que gosto, mas também falei que não existe nenhum caso sem solução e que eu não possuía nenhuma rotina pronta, porque cada casa é uma casa.
Não podemos generalizar a organização. O sistema de organização de uma casa com criança é completamente diferente de uma casa onde só moram adultos. Porém, todas as casas podem funcionar quando adotados alguns truques. Um deles e o mais funcional é quando listamos todas as pendências, tudo que não funciona e que atrapalha o funcionamento da casa.
O meu primeiro passo para organizar uma casa é saber o que realmente incomoda, o que tira a vontade de voltar para casa e o que entristece. Eu não diagnostico nada… sempre dou a liberdade para a cliente me dizer, porque o que é bagunça para mim pode não ser para ela.
A Helena me disse que me contratou porque eu não a julguei e nem me espantei com o relato que ela fez da casa dela na nossa primeira entrevista. Sempre procuro me colocar no lugar da pessoa e sentir o que ela está sentindo. Assim consigo me familiarizar.
Então, nosso primeiro passo foi:
– Helena, o que você quer? O que te entristece na sua casa quando você chega nela? O que te incomoda?
Fomos andando pela casa e ela relatando:
– Quero ter mais tempo para usar essa máquina de fazer cupcakes. Há dias prometi para Alice (filhinha dela), mas não tenho ânimo para nada. Quando chega o fim de semana, quero é erguer os pés para cima e descansar;
– Quero organizar essas fotos que eu tenho desde o meu casamento e até hoje não consegui…. (As fotos estavam todas dentro de caixas de sapatos, todas misturadas)
– Quero organizar essas revistas (ela coleciona Casa Claudia)
Quando chegamos no armário de roupas, ela surtou:
– Olha isso, quanta roupa. Me peça para pegar uma roupa agora …. eu não consigo…. travo… com esse monte de roupas uso sempre as mesmas, e em cada evento preciso comprar uma nova, porque não sei o que usar com o que. Tem roupas aqui que nunca usei, com etiqueta, apertadas, largas… Cada vez que saio sofro para escolher roupas, sempre acho que não tenho nada.
No roupeiro, estava tudo muito misturado, lençol do casal ao lado de toalha, lençol do menino junto com o da menina, tudo muito bagunçado. Cobertas demais, algumas amareladas, e assim por diante.
Cada cômodo que passávamos tinha um detalhe que faltava para a casa funcionar.
A pergunta dela:
– Minha casa tem jeito? Quanto tempo você acha que levamos para organizar tudo?
A casa dela, como a maioria das casas que visito, não tinha nada de extraordinário. Em uma semana conseguiríamos dar aquela geral.
O que fizemos?
Ela não ficou em casa, continuou sua rotina e eu coloquei a mão na massa.
Comecei pelo armário de roupas ( um incentivo para dar alegria no processo da organização). Ficou lindo!
Depois fui para a cozinha, imprimi algumas receitas e fiz um cantinho de fazer cupcakes. Tirei todos os eletrodomésticos que ela nunca havia usado das vistas dela e guardei em caixas etiquetadas. Isso já deu um ar de cozinha limpa e livre.
No roupeiro, setorizamos tudo.
Para as fotos, catalogamos todas por ano. Montei como em pastas como as desse post, ficou show.
A Helena, uma mulher super ativa, mas que pela velocidade da vida se perdeu na administração da casa, passou a ter um desafio. É simples: obedecer a regra do tirou do lugar coloque de volta, sujou, limpe, acendeu, apague.
Ela consegue levar essa ordem para o resto da vida. Seu testemunho foi um dos melhores. Eu vivo disso, é uma alegria que dinheiro nenhum compra. Quando ela chegou sozinha em casa, a conclusão foi:
Pra que colecionar revistas, se ela não tinha nenhum objetivo com elas? Ela estava desapegada e jogou tudo fora, por conta própria. Quando ela me disse, 3 meses depois, que tudo estava do jeito que deixamos e que ela tinha até tempo para retornar as aulas de musica, fiquei muito feliz. Afinal de contas, o recado foi:
Troquei minhas revistas velhas por aulas de música….