Consumista é aquela pessoa que compra algo sem precisar, porque ela acha que de alguma forma aquilo é importante e não pode viver sem.
Você não precisa de nada, mas quando passa em frente a uma loja e vê um vestidinho(desses que você tem vários parecidos), uma voz começa falar na sua mente:
“ Você precisa dele, você vai ficar linda nele, dessa cor você não tem, nem com esse caimento. Outra voz diz que você já estourou o limite do seu cartão e não tem dinheiro para pagar. E uma nova voz diz que dá para parcelar”.
Enfim, assim você se convence que aquilo é fundamental e compra. Aquele objeto de desejo agora é seu. Quanta alegria!
Dizem que comprar parece ter um efeito ansiolítico associado a puro prazer. Puxa, que delícia e que feliz!
Parece que tudo ganhou sentido e eu me sinto realizada. Serei a mais bonita do evento porque tenho esse vestido “deuso”.
Uma semana depois, você terá outro evento e aquele vestido, aquele que você não podia viver sem, não tem mais sentido, não tem mais beleza e já é passado na sua vida.
E agora você precisa de uma roupa nova urgente.
O armário ficou monótono, você enjoou de tudo, e por mais que o armário esteja cheio de roupas, a sensação é de que você não tem nenhuma.
Pois é, eu estava assim. Até que chegou um dia que eu não aguentava mais ter esse sentimento.
Eu achava que aliviava minha consciência fazendo o desapego, mas aquilo de desapego não tinha nada. Na verdade, eu tirava tudo o que eu já tinha enjoado, mas às vezes nem estava pago, e comprava outros. Aí minha consciência ficava tranquila. Que engano!
Depois de um basta, um insight – no meu livro eu falo que se você quiser, a organização pode curar sua vida – eu decidi ficar um ano sem comprar absolutamente nada.
Não olhei para trás, não procurei saber se tinha calcinha suficiente, ou calça jeans, biquíni, vestido para a festa de 45 anos da minha amiga… simplesmente decidi!
Passei muita vontade, repeti muitas roupas, fiz combinações que jamais faria se não tivesse outras opções. Acredite, não me faltou absolutamente nada, e se te falar a verdade, posso ficar ainda mais um ano assim que ainda estarei bem servida.
Ganhei liberdade, ganhei espaço, ganhei auto domínio, ganhei auto confiança, ganhei a capacidade de superação, ganhei força, ganhei tempo, economizei dinheiro. Tinha tantas coisas que eu não olhava e passei a olhar. Percebi como nosso objeto de desejo deixa de ser algum tempo depois. Que o essencial da vida é tão simples, que agora quando olho uma vitrine, sei que a roupa é linda, mas que não preciso dela. Sei que se levá-la para casa já já ela vai estar encostada. Não compensa o sacrifício.
Percebi que somos notadas pela nossa essência e não nossa aparência, podemos estar com um look básico, mas se tiver um brilho no olhar, uma alma forte, uma conversa agradável, você será notada e lembrada.
Sem você perceber, você começa a sentir falta de conhecer mais da vida e a buscar novos conhecimentos. A gente fica mais bonita, por dentro e por fora, quando deixamos a futilidade e nos apegamos ao que realmente vale a pena.
Isso não quer dizer que sou melhor que o outro que ainda luta, isso quer dizer que sou capaz de dominar minhas vontades.
Continuo lutando, porque a vida é cheia de altos e baixos. Preciso me vigiar a cada instante… não podemos dizer que uma batalha está vencida se ainda estamos no jogo.
O presente define meu passado e projeta meu futuro, então eu vivo o hoje, mas com muita vontade de continuar amanhã.
Que Deus me ajude, porque as coisas já não são fundamentais, já minhas asas podem me levar a lugares que eu nunca imaginei existir e que jamais poderia morrer sem encontrar.
Ficar 1 ano sem compras me ajudou a ser um ser humano mais humano!