As crianças são seres tão especiais que até ganharam destaque em uma analogia de Jesus. “Deixem vir a mim as crianças e não as impeçam; pois o reino dos céus pertence aos que são semelhantes a elas”. Se todos nós tivéssemos o coração puro como o de um criança o mundo seria muito mais leve e alegre.
Como organizadora profissional, assumo e declaro que adoro a bagunça da criançada. Pode até parecer que defendo a total liberdade ou o desprendimento pleno dos pequenos, mas não é nada disso. Sou bastante crica, mas prefiro um pé sujo de areia do que esses joguinhos no celular. Vivo um paradoxo na minha casa, pois tenho um filho de 20, uma de 18 e outro de 4 anos.
Bagunça é sinal de excesso, certo? Mas no caso dos pequenos, a desordem infantil é excesso de alegria, entusiasmo, saúde e vida. Não precisamos ser profissionais da saúde ou da psicologia para saber que criança precisa e deve brincar muito. A brincadeira tem função curativa na vida de um pimpolho, pois eles estão no mundo da descoberta. Se você já conviveu com uma criança com certeza já viu a cena de todas as panelas no chão ou o armário da despensa com o achocolatado aberto e comido… os usuários de fraldas precisam disso para o desenvolvimento.
Há 10 anos atendo residências e quando tem uma criança por perto o dia passa muito mais rápido. Se essa fase da vida passa tão rápido e depois nós sentimos tanto a falta, porque não deixamos as crianças a vontade para brincar o quanto quiserem? Abri mão da decoração estilo revista e adaptei toda a minha casa para o meu caçula poder trafegar por todos os cantos sem se machucar.
Pelo menos dentro de casa a criança deve ser livre para exercer seu papel de multiplicar a pureza e contagiar com alegria. Aprendi isso quando, há alguns anos, acompanhei o velório de um bebê de uma amiga. Tempos depois ela chorou dizendo que o sonho dela era ter a bagunça do filho que morrera… não estou sendo dramática, mas recebo muitos emails de mães que tem até depressão por conta da casa desorganizada e da falta de tempo que elas acreditam acontecer por conta da criança. Eles trazem isso sim, mas também um turbilhão de emoções e sentimentos… nós, mães, descobrimos o que é nosso coração bater fora do peito e descobrimos também o que é passar a noite em claro e no outro dia, com um simples sorriso, já estarmos curadas de toda a ressaca da noite mal dormida. Descobrimos que nossa missão de vida agora é viver por eles… Então o que nos resta é agradecer muito.
Temos sonhos para eles: queremos que eles sejam felizes, casem muito bem, sejam prósperos e tenham hábitos de vida regulares, que sejam pessoas fortes e corajosas e que cultivem o hábito de serem organizados.
Mas atenção, nós somos os espelho deles. Eles repetem tudo o que fazemos.