Santo Agostinho dizia que nossos pecados são frutos das nossas paixōes. Ele definia paixões como tudo aquilo que podemos perder independentemente de nossa vontade. O tempo, por exemplo? Parece que sempre nos falta tempo para fazermos o que quisermos. Dinheiro? Um dia temos muito e no outro temos pouco. Carro, casa, comida? Às vezes temos de sobra, outras vezes precisamos…. Entes queridos? Um dia sempre alguém irá perder um. Amadurecidos suficientemente perceberemos que nada nos pertence para sempre, a não ser o amor. Esse é o sentimento que nos dá força e nos motiva a superarmos todas as dificuldades e vencermos todas as barreiras.
O pecado, visto pela ótica Cristã, define-se como desobediência das Leis Divinas. Diz-se muito hoje que isso é relativo, mas na minha opinião isso é absoluto. Desobedecer leis espirituais é trilhar caminhos que espiritualmente não escolhemos, ou seja, ir contra aos anseios da “alma”. Qualquer coisa contrária ao desejo da alma é pecado, sendo que esse desejo não é o mesmo para todos. Eles são feitos a partir de escolhas próprias. O que é igual para todos é a pureza do desejo. Cria-se uma desordem espiritual, que consequentemente atinge o emocional, passa pela racionalização e depois reflete no corpo. Ficamos fatigados, cansados e esgotados.
O que fazer então? Viajar, ter um hobby, ler livros, beber, conversar com os amigos? Nada disso te conforta, pois até para isso te falta energia. O que nos resta? Comprarmos “pilha” porque representa aquela energia que me falta. No filme “O espetacular Homem Aranha”, o vilão Electra, um personagem muito puro e bom na sua essência, tinha um grande problema: queria muito ser reconhecido. Quando adquiriu um poder, potencializou aquilo que queria ser. Como não havia energia que sustentasse sua vida, teve que roubar literalmente toda a energia elétrica de uma cidade pra poder se manter na sua desordem. Moral da história: o anseio da alma daquele vilão era ser bom, correto e sem malicia. A desordem: ser reconhecido. Pessoas boas não precisam buscar reconhecimento. Resultado: Não havia energia que bastasse para sustentar a desordem.
Isso não quer dizer que todo comprador de pilha pode estar em desordem com os anseios de sua alma e gastando energia demais para se sustentar. Trabalhar demais, ter cuidado excessivo com pessoas e coisas, ver sofrimento demais no próprio cotidiano, falta de aceitação, falta de perdão e etc… Isso também pode ser insegurança. Gosto muito de ver filmes, novelas ou futebol e não suportaria se acabasse a pilha do controle remoto. Com a vida, o pensamento pode ser também na mesma linha do controle remoto.
As coisas estão tão difíceis que só de pensar em levantar pra trocar o canal da televisão você fica assustado. Repare em sua vida.
Onde está seu tesouro aí está seu coração.